MUSICAS

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Preconceito Racial na Educação Infantil


A diversidade se constrói a partir das diferenças!

Educar para a igualdade racial na Educação Infantil significa, além de encarar de frente a questão, refletir e discutir no âmbito da escola e com as famílias, ter cuidado também na escolha das atividades, projetos, livros, brinquedos e materiais gráficos colocados à disposição das crianças. Os diretores, coordenadores e professores podem ser fortes aliados no combate ao racismo e na promoção da igualdade, caso haja a incorporação da temática racial no cotidiano escolar e não apenas em momentos ou projetos e atividades pontuais, como, por exemplo, nas comemorações específicas da luta anti-racismo.
Sabemos que o tempo todo os professores colocam à disposição das crianças “objetos culturais” que agregam determinados valores à aprendizagem. Tais objetos traduzem determinadas ideologias e concepções que a criança apreende, ainda que de forma inconsciente. Os objetos culturais presentes nas creches e pré-escolas tais como livros, revistas, brinquedos, bonecas, imagens e objetos religiosos usados sem reflexão podem oferecer imagens distorcidas, muitas vezes preconceituosas e estereotipadas dos diferentes grupos raciais. É o caso das bonecas negras que não respeitam as características físicas específicas, apontando para a diferença da cor da pele como única referência ou das revistas em que negros aparecem como subalternos e em subempregos e de imagens que enfatizam uma naturalização de funções e situações que revelam a ideologia vigente – a do branco.

A inclusão dessa temática na formação dos professores se justifica pela possibilidade de trazer à tona preconceitos, para assim oferecer oportunidades para conhecer, valorizar e incorporar a cultura africana e o fundamental papel dos afro-descendentes na formação do povo brasileiro.

Este conteúdo faz parte da Revista Avisa lá edição #23 de julho de 2005. Caso queira acessar o conteúdo completo, compre a edição em PDF ou impressa através da loja virtual –
http://loja.avisala.org.br

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Boa noite! #pararefletir


Projeto de Intervenção

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE INHUMAS

Aparecida Vieira de Souza
Lorrayne Claudino
Taís Guimarães Cantares

PROJETO DE ESTÁGIO       
Criança sujeito de direitos

INHUMAS
2014

Aparecida Vieira de Souza
Lorrayne Claudino
Taís Guimarães Cantares


PROJETO DE ESTÁGIO       
Criança sujeito de direitos


Projeto de Intervenção apresentada à disciplina de Estágio Supervisionado em Docência na Educação Infantil I, do curso de Pedagogia, da Universidade Estadual de Goiás UnU/ Inhumas, sob orientação da Professora Lindalva Pessoni Santos.

Inhumas
2014

1-    CARACTERIZAÇÃO DOS CAMPOS DE ESTÁGIOS

A Pré Escola Municipal Peralta está situada no setor Nipo Brasileiro no município de Inhumas/ GO, contendo quatro salas de aula, uma minúscula  sala que funciona a diretoria, a coordenação e a secretaria da escola, a cantina e 2 banheiros, um feminino e um masculino um pátio todo gramado com uma horta ao fundo e um parquinho.
A sala do 1° período é pequena e organizada com varias obras literárias em uma estante no fundo da sala ao alcance das crianças, um filtro de água no canto da mesma, várias gravuras na parede ao alcance do campo de visão das crianças.
As letras do alfabeto bem coloridas com figuras correspondentes, há também dois balões de EVA com as datas de aniversario das crianças, uma lista com todos os nomes ali frequentes na parede ao lado da janela, próximo a mesa da professora e ao calendário.
As mesas e cadeiras dos alunos são do tamanho deles e eles todos os dias têm o livre arbítrio de escolherem onde querem sentar, embora sejam todos em fila indiana separados em quatro filas com quatro lugares.
O outro campo de estágio é o CMEI Maria Caetano que está situado no setor Parque Santa Marta no município de Inhumas/GO. É uma instituição pequena e simples, com entrada direta para uma sala que funciona a coordenação, diretoria e a secretaria da instituição há dois corredores, no corredor direito vai direto para o refeitório, uma sala e a cozinha, no corredor esquerdo há mais duas salas.
No pátio se encontra a lavanderia e um parque temporariamente  impossibilitado de  uso, pois a grama está alta, há também um corredor que perpassa duas salas, uma sendo o berçário, este corredor é usada pelos bebes para tomarem sol e brincarem. 
Na sala do berçário há vários balões de EVA com as datas de aniversario das crianças, vários berços, um deles quebrado que as professoras utilizam para colocar as mochilas das crianças, um trocador que fica as caixas de fralda, um guarda roupa onde ficam as roupas utilizadas na instituição e uma estante no outro canto com uma televisão e um dvd, um chiqueirinho onde é guardado os brinquedos e uma mesa da altura das crianças onde poucas se sentam para de alimentarem sozinhas.

2-    PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
2-1 –Recorte temático
O lúdico é um recurso didático dinâmico que garante resultados eficazes na educação, uma forma de aprendizagem diferenciada que exige planejamento e cuidado na execução da atividade elaborada, sendo um dos motivadores na percepção e na construção de esquemas de raciocínio. É através da ludicidade que o educador pode desenvolver atividades que não sejam apenas divertidas, mas que, sobretudo, ensine os alunos a discernir valores éticos e morais, formando cidadãos conscientes dos seus deveres e de suas responsabilidades, além de propiciar situações em que haja uma interação maior entre os alunos e o professor em uma aula diferente e criativa, sem ser rotineira.
O jogo é a atividade lúdica mais trabalhada pelos
professores atualmente, pois ele estimula as várias inteligências, permitindo que o aluno se envolva em tudo que esteja realizando de forma significativa, facilitando a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal. Quando a criança brinca, ela tem oportunidade de conhecer o mundo e se conhecer. A brincadeira com regras e atividades dirigidas, permite explorar os processos capazes de fazer o brincar funcionar de verdade, favorecendo, dessa forma, a construção do conhecimento e o desenvolvimento emocional, social e cognitivo das crianças. Adquirindo ainda valores culturais e morais, sendo que as atividades lúdicas devem visar à auto -imagem, ajudando assim na auto-estima e no autoconhecimento, pois ajudam a imaginar a fantasia e a criatividade. Essa criatividade ajuda a adaptar essas crianças.
Com o trabalho de ludicidade em seus conteúdos na sala de aula, desperta ao aluno o querer e vontades estar presente nas atividades coletivas. Com esse trabalho, há contribuição para o aprendizado do aluno possibilitando ao docente o preparo cada vez mais de aulas dinâmicas fazendo com que o aluno se desenvolva e interaja mais em sala de aula, seu
interesse aumenta, e consequentemente, aprende a proposta do conteúdo, estimulando assim, a ser pensador, questionador e não um repetidor de informações.
As atividades lúdicas podem contribuir significativamente p ara o processo de construção do conhecimento da criança, estudos comprovam que o jogo é uma fonte de prazer e descobertas para as crianças. Por exemplo, no faz-de-conta há presença da situação imaginária, no jogo de xadrez as regras padronizadas permitem a movimentação das peças, o próprio brincar na areia como encher e esvaziar copinhos requer a satisfação da manipulação do objeto. Já a construção de um barquinho exige não só a representação mental do objeto a ser construído, mas também a habilidade manual para operacionalizá-la. O brincar envolve o corpo devido à manipulação de objetos.
A criatividade é fundamental e é através dela que o indivíduo sente a liberdade de criar e recriar. Enfim, a estimulação, a variedade, o interesse, a concentração e a motivação são igualmente proporcionados pela situação lúdica. Se acrescentarmos a isso a oportunidade de ser parte de uma experiência que, embora possivelmente exigente, não é ameaçadora, é isenta de constrangimento e permite ao participante uma interação significativa com o meio ambiente, as vantagens do brincar ficam mais aparentes. Segundo Oliveira (1985, p. 74), o lúdico é: “(...) um recurso metodológico capaz de propiciar uma aprendizagem espontânea e natural. Estimula à crítica, a criatividade, a sociabilização, sendo, portanto reconhecidos como uma das atividades mais significativas pelo seu conteúdo pedagógico social.” A ludicidade nos permite reconhecer a existência de uma modalidade de educação ainda desvalorizada por alguns, que trabalha apenas com atividades, assim, a criança acaba vivendo apenas em um mundo letrado, com muitas cobranças. Pode-se perceber que, para qualquer metodologia que a docente escolha usufruir, há interação, e sem dúvida segundo elas, é o melhor para o crescimento de seus alunos. Diante do reconhecimento da necessidade da ludicidade, sabemos que os professores das séries iniciais passam por dificuldades ao ensinar a leitura e escuta na sala de aula, observamos que muitos dos docentes têm procurado meios de aprimorar suas práticas pedagógicas por meio de metodologias diferencias, para que o aluno passe  a despertar o gosto pelas aulas. Visto isso, entende-se que o lúdico contribui para as práticas pedagógicas através de jogos, brincadeiras, contação de histórias, cantigas de rodas, teatro de fantoche, dentre outras.

2-2 Problematização:

Como proporcionar, nos campos de estágios, um trabalho efetivamente significativo por meio de brincadeiras e interações tendo em vista a perspectiva da criança como sujeito de direitos?

2-3- Justificativa:

Neste Projeto de trabalho coletivo, discute-se uma experiência de estágio supervisionado, a partir da observação participante, da prática de registros e da elaboração de propostas de intervenção junto com as crianças da rede de educação pública do município de Inhumas.
Ao observarmos atentamente o modo como as diferentes crianças brincam, é possível perceber que os usos que fazem dos brinquedos e a forma de organizá-los estão relacionados com seus contextos de vida e expressam visões de mundo particulares. Quanto mais as crianças vejam, ouçam ou experimentem, quanto mais aprendam e assimilem, quanto mais elementos reais disponham em suas experiências, tanto mais densa e rica será sua infância. E mais fundamental ainda, é o de observar essas crianças, para conhecê-las e somente assim poderemos proporcionar a elas os espaços e momentos adequados para que tudo isso aconteça e que sua infância seja rica de imaginação, fantasia, descobertas e redescobertas.
 As crianças para crescerem, necessitam viver e trocar com e entre pares, e a brincadeira é a melhor instância para a interação.

2-4- Referencial teórico
A educação infantil é considerada a primeira etapa da formação educacional consistindo na educação das crianças antes da sua entrada no ensino fundamental. A instituição atende crianças entre zero e seis anos de idade.
  A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) denomina a instituição educacional que atende crianças de 0 a 3 anos de Creche, e a instituição que atende crianças de 4 a 5 anos de idade de Pré – escola.
No Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (BRASIL, Lei 9394/96).
A educação infantil deve ser conceituada no sentindo mais amplo possível englobando as atividades educativas vivenciadas pela criança na família, na comunidade, no seu âmbito social antes mesmo de iniciar sua participação em instituições especificas de ensino.
As instituições de Educação Infantil devem incorporar as funções de educar e cuidar com qualidade advinda de estudo, dedicação, cooperação e cumplicidade de todos os envolvidos, buscando-se entender e valorizar o que cada criança sente e pensa; o que sabe sobre si e sobre o mundo. A ação conjunta dos educadores e demais membros da equipe da instituição é essencial para garantir que o cuidar e o educar aconteçam de forma associada.
Assim, educar e cuidar são ações que devem ser planejadas, sistematizadas, organizadas, em gestões compartilhadas entre crianças, professores, educadores, pais, cada um deles portadores de diferentes culturas, portanto com diferentes concepções de cuidar. Por isso, é necessário que haja constante diálogo entre as diferentes culturas que circulam no interior das escolas para que o cuidar/educar sejam processos complementares e indissociáveis, que tenham como um dos objetivos a autonomia física, intelectual, emocional dos educandos.
2-5- OBJETIVOS 
2-5-1- Objetivo Geral:
Oportunizar as crianças o direito de viver plenamente a infância por meio de brincadeiras criativas e interações construtivas entre criança/criança, criança/adulto.

2-5-2- Objetivos específicos:

§                 Estimular às expressões afetivas para consigo mesma e para com as demais.
§                 Criar oportunidades de diálogo e interação entre as crianças.
§                 Desenvolver atividades interativas (musicas, danças de roda) que desenvolvam a afetividade e a socialização.
§                 Articular ações entre cuidado e educação;
§                 Propiciar ações que favoreçam a construção da identidade e autonomia da criança;
§                 Oportunizar experiências com as múltiplas linguagens;
§                 Incentivar a autonomia;
§                 Incentivar a participação de cada educando valorizando-os e estimulando os seus progressos;
§                 Permitir que as crianças se comuniquem livremente a fim de fortalecer laços de amizades, bem como fazer novos amigos;
§                 Respeitar o tempo de aprendizagem de cada um, bem como as competências e habilidades adquiridas ou não;
§             Proporcionar á classe momentos prazerosos, utilizando músicas, rodas de conversa, jogos, exibição de DVDs, dinâmicas recreativas, momentos de história, desenhos, pinturas, colagens, passeios.

2-6 ETAPAS PREVISTAS
v  *fundamentação teórica
v  *observação e vivência no campo de estágio
v  *estudos entre cuidar educar
v  *estudos entre teoria e prática
v  *elaboração dos registros e a síntese *
v  elaboração do pré projeto coletivo

2.7 RECURSOS E MATERIAIS DIDATICOS
§      Papel sul fite
§       Papel manilha
§       Cartolina
§       Revistas e jornais
§      Papel impresso: com exercícios para pintar, recortar e para colagens
§      Tesoura
§      Lápis preto
§       Lápis de cor
§       Canetinha
§      Canetão
§      Giz de cera
§       Cadeiras e mesa
§       Quadro negro
§      Régua
§      Massa de modelar
§      DVD

2.8 CULMINANCIA
Confraternização com a presença dos pais e educadores, som, dvd, socialização e exposição de trabalhos das crianças.

2.9 REFERENCIAS:
BRASIL. LEI N 9394/96. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Setembro                1996. Editora do Brasil.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
OLIVEIRA, Vera Barros de. A brincadeira e o desenho da criança de zero a seis anos: uma avaliação psicológica.

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Projetos Pedagógicos na Educação Infantil/ Maria Carmen Silveira Barbosa, Maria da Graça Souza Horn. – Porto Alegre: Artmed, 2008.
BRASIL: Lei 9394/96 – LDB – Lei das Diretrizes e Bases da Educação, de 20 de dezembro de 1.996.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 O estágio supervisionado é o momento de transição entre o docente em formação e o profissional da educação. Neste sentido, é indispensável como componente curricular do curso de Licenciatura, uma vez que o graduando necessita se preparar para identificar e interpretar problemas e propor soluções para os problemas que enfrentará no cotidiano da profissão, além de ser o momento do graduando em descobrir  todas suas potencialidades e a de traçar metas a serem alcançadas em prol da aprendizagem do aluno. 
  Diante de todo o contexto que permeia a atuação profissional do docente, identificamos mediante esta vivência na creche e na pré-escola a importância do constante aprimoramento dos conhecimentos da área, das necessidades sociais, da investigação da própria prática e a busca de temas atuais (professor pesquisador). 
  Ficou claro também para nós, que a educação de qualidade não é somente responsabilidade do professor, mais também da participação individual e coletiva da família, políticos, empresas, comunidade, principalmente na atuação do ensino público.
  A partir do estágio, é possível o  graduando descobrir se realmente é a vocação ser professor, caso ele descubra que não é, mesmo assim não se justifica falta de assistência ao aluno no exercício da profissão, ele deve fazer o melhor que puder, pois  vale lembrar que antes de tudo, a profissão docente lida com humanos que necessitam desenvolver a sua capacidade intelectual para conseguirem ter uma vida digna enquanto viver. O carinho, a atenção e o afeto são fundamentais na educação infantil, e é indispensável para que eles se sintam amados e seguros.
















sábado, 13 de setembro de 2014


PLANEJAMENTO DIÁRIO - CRECHE (BERÇÁRIO)

Para Ostetto planejar na educação infantil é planejar um contexto educativo, envolvendo atividades e situações desafiadoras e significativas, que favoreçam a exploração, a descoberta e apropriação de conhecimento sobre o mundo físico e social.
O planejamento estaria prevendo situações significativas que viabilizem experiências das crianças com o mundo físico e social, em torno das quais se estruturem interações qualitativas entre adultos e crianças, entre crianças e crianças, entre crianças e objetos/ mundo físico. “Não é atividade em si que ensina, mas a possiblidade de interagir, de trocar experiências e partilhar significados é que possibilita as crianças o acesso novos conhecimentos” (MACHADO, 1996, p. 8).

Ramos vem falar que organização do ambiente educacional que considera a criança como construtora ativa de conhecimentos orienta se pela permanente exploração de situações pessoalmente significativas e coletivamente agradáveis, nos quais o interesse que os bebes tem acerca do mundo é a mola que impulsiona a elaboração de suas ideias, comparações e significações de forma que eles possam consolidar aprendizagens com parceiros.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Conversa entre bebês!

CONVERSA ENTRE BEBÊS

- E aí, mano?
- Beleza, cara?
- Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.
- Quer conversar sobre isso?
- É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?
- Como assim?
- Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca virIa me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca. O que eu fiz para essa menina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?
- Nunca.
- Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que, quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai iria para a roça, e ela iria passear. Mas o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu estava vendo-a ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?
- Sabe a sua vizinha, ali da casa amarela? Minha mãe disse que ela tem uma hortinha no fundo do quintal. Planta vários legumes. Será que sua mãe não quis dizer que seu pai deu um pulo por lá?
- Hummmm, pode ser. Mas o que será que ele foi fazer lá? Vixe! Será que meu pai tem um caso com a vizinha?
- Como assim?
- Poxa, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. E, se meu pai foi à casa da vizinha, vai ver que os dois estão de caso. Ele passou lá, pegou-a e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha! Só pode!
- Calma, maninho. Você está nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.
- Sei lá. Por um lado, pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.
- Tipo o quê?
- Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. Pura maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!
- Caramba! Por que ela fez isso?
- Para matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.
- Ainda bem. Poxa, sua mãe é perturbada, cara.
- E, sabe a dona Francisca ali da esquina?
- A dona Chica? Sei, sim.
- Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada, vendo o gato berrar de dor.
- Putzgrila! Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá para entender.
- Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe, né? Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né? Aí ela começou a falar que ia chamar um boi da cara preta para me levar embora.
- Nossa! Com certeza, ela não é sua mãe. Nunca uma mãe faria isso com um filho.
- Mas é ruim saber que o casamento deles é essa bagunça, né? E que meu pai sai com a vizinha e tal. Apesar de eu achar que ele também leva uns chifres, sabe? Um dia, ela me contou que lá no bosque, no final da rua, mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão,porque ela o chama de “Anjo”. Disse que o tal do Anjo roubou o coração dela e que, se fosse dona da rua, mandava colocar ladrilhos em tudo, só para ele poder passar desfilando e esse tipo de coisa.
- Nossa, que casamento bagunçado esse. Seria melhor separar logo.
- É, só sei que estou cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes, ela fala algumas coisas sem sentido algum. Ontem, por exemplo, veio me falar que a vizinha cria perereca em gaiola, cara. Vê se pode?! Só tem louco nessa rua.
- Vixe, cara. Mas a vizinha não é a sua mãe?
- Putz, é mesmo! Estou ferrado de qualquer jeito...


José Carlos Barbuio
Escritor e Advogado